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Quando os australianos David Clarkin e Andrew Homan decidiram abrir a Ode Winery, em Vila Chã de Ourique, no Cartaxo, quiseram trazer uma novidade à região. Daí que o restaurante da adega, o Cellar Door, a funcionar desde 2023, tenha ido buscar inspiração às tabernas japonesas, bem diferentes das tascas com cartazes de touradas das redondezas.
A herdade de quase 100 hectares, anteriormente conhecida por Vale d’Algares, já produzia vinho quando estava nas mãos dos antigos proprietários, o grupo Quatro Âncoras, ligado a actividades de hipismo, e que, segundo o jornal regional “O Mirante”, terá declarado insolvência em 2013.
Depois de adquirirem a propriedade, no final de 2021, os investidores australianos, com negócios imobiliários na Austrália e na Ásia, deram início a um projecto ambicioso, ainda hoje longe de estar concluído. “A herdade estava completamente coberta de silvas e havia espaços que nem conseguimos identificar”, recorda Diana Soeiro, directora de marketing da Ode.
Ao todo, são cerca de 96 hectares, entre vinha, olival e montado, incluindo um lago, um oásis no meio da propriedade, que será o centro das atenções do futuro empreendimento turístico, previsto para 2027, um hotel com 30 suítes, 14 glampings e 30 villas “mais dispersas”, continua Diana.
Algumas das infra-estruturas que vão servir de apoio ao novo resort já existiam do anterior projecto, mas serão recuperadas, depois de quase uma década ao abandono. Por exemplo, um antigo moinho, que servirá “para os hóspedes fazerem a farinha que depois será usada nas suas próprias pizzas, nos fornos a lenha”, explica a directora de marketing.
No projecto da herdade estão previstos cinco restaurantes, abertos também a não-hóspedes. “A ideia é dinamizá-los com a comunidade da zona”, salienta. Aliás, não foi ao acaso que decidiram abrir as portas ao público há dois anos com um restaurante de inspiração asiática na adega, o Cellar Door.
Segundo a directora de marketing, a escolha foi propositada para preencher uma lacuna na região. “Não existia nada do género aqui”, garante. “Este não seria o conceito se quiséssemos chegar a um público exclusivamente estrangeiro, que procura a comida tradicional portuguesa. Quisemos que fosse atrativo também para quem cá vive.”
No Cellar Door, a funcionar de quarta a domingo, ao almoço, e à sexta e sábado, ao almoço e ao jantar, a ideia é que se partilhem os pratos, numa fusão de Ásia e Ribatejo, com alguns ingredientes a chegar directamente da horta da Ode, um projecto de agricultura biológica e regenerativa dirigido pelo brasileiro Denis Hickel.
O menu do restaurante, pensado inicialmente pelo chef japonês Kazuya Yokoyama, inclui, por exemplo, peixinhos da Ode de favas de feijão verde, pó de cogumelos e dashi (6 euros), summer rolls vietnamitas recheados com camarão e vegetais (6 euros), gyosas mori no aji de chili de cogumelos, caldo de frango e kimchi (7 euros) ou tempura de gambas (16 euros).
Também há opções carnívoras como o misuji sunomono (23 euros), o novilho ribatejano à moda japonesa, com picles de pepino, gengibre e malagueta, ou o tonkatsu (10 euros), lombo de porco panado com salada asiática. Para sobremesa, além do oishi cake (8 euros), há a clássica mousse de chocolate da casa (6 euros), com chá verde e flor de sal.
Para acompanhar há kombucha e cerveja japonesa Kirin, mas nada como experimentar os vinhos da Ode Winery, ou não estivéssemos numa adega. São 14 referências na carta, a última, o Ode Phosphorus 2023, 100% Semillon, foi lançada o mês passado sob o lema da casa: “Mínima intervenção, máxima atenção”.
Maria Vicente, a enóloga residente, afirma que as castas francesas, como o Semillon ou o Viognier, duas apostas da Ode no processo de recuperação das vinhas, têm tido uma “aceitação muito grande junto do público português”. Já as castas locais, como Fernão Pires e Arinto, que compõem o premiado Ode Enóloga 2022, considerado o Melhor Branco da região em 2024, vão ganhando fãs no mercado internacional.
A adega, inicialmente construída em 1902 e recuperada pelos antigos proprietários, já valeria a visita. Além de um laboratório que mantém a fachada original, uma viagem no tempo, tem um enorme bunker onde se escondem centenas de barricas e que pode ser visitado por marcação.
Na página de Instagram, a Ode Winery anuncia os seus eventos: mercados com vinhos, artesanato e produtos orgânicos da horta, workshops com a enóloga e até um programa de astrologia com vinhos.
Ode Winery. Rua Coronel Lopes Mateus, 13, Vila Chã de Ourique, Cartaxo. Cellar Door a funcionar quarta, quinta e domingo, 12.00-16.00; sexta e sábado, 12.00-22.00. Reservas: 243 142 209