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Maria do Carmo nunca foi aficionada de gin. “Normalmente o que há nos bares e nas discotecas são aquelas marcas de massas e a isso eu não achava piada nenhuma”, diz, rindo-se da ironia de hoje ser a “provadora oficial” da I’MaGin. Quem a nomeou como tal foi o marido Manuel, a cabeça por trás desta marca nascida em Santarém, entre o quintal da família Melícias, Alcanena e as serras de Aire e Candeeiros.
Manuel trabalha com gins em Angola há muitos anos e isso deu-lhe conhecimentos para se aventurar nos primeiros testes caseiros. Fazia-o quando vinha a Portugal, de férias, por carolice, mas também porque não queria ficar parado depois da reforma. “A fórmula começou a ser desenvolvida num alambique de 5 litros, antes da pandemia”, refere Maria do Carmo. No início, conta, as coisas não correram tão bem como esperavam, muito por culpa das “garrafas baratas” que fizeram com que o verniz das rolhas passasse para o gin. Mas depois, com mais algum investimento, tudo foi ajustado, ao ponto de os amigos lhes dizerem “isto não é um gin, é um perfume!”.
“Chegar à receita é o mais complicado. Tudo é pesado ao miligrama para conseguirmos fazer o gin que imaginámos”, diz a provadora, adepta de referências como o Real Gin, de Santo Isidro de Pegões, a Dois Belos, do Crato, e a Sun Doors, marca vizinha escalabitana. O zimbro e o cardamomo, colhidos na Serra da Estrela, são ingredientes obrigatórios na fórmula da I’MaGin, que vai buscar o álcool a Alcanena. “Ter um bom álcool neutro é fundamental”, nota.
Depois, é uma questão de gosto. Manuel e Maria Melícias usam pimentas que plantam no quintal, bem como cedro da árvore de casa dos avós dele. O tomate, as tangerinas e os morangos também são caseiros. Já os botânicos são das serras de Aire e Candeeiros. “A região de Santarém tem uma grande disponibilidade de matérias-primas. Temos muito por onde escolher. Para nós, era importante que a I’MaGin fosse uma marca regional”, refere esta alentejana de 55 anos, que se enamorou pelo Ribatejo mal se mudou para lá com o marido, há mais de 26 anos.
Hoje o casal tem dois filhos, João e Maria, que ajudam na capsulagem, rotulagem e embalamento. “Fazemos tudo em família”. Crescer é um objetivo para daqui a “três ou quatro anos”, se a conjuntura ajudar. “É um processo que requer muita disponibilidade”. Atualmente, a I’MaGin (que tanto pode ser lida como “imagina” ou “eu sou gin”, em inglês) produz cerca de 1500 garrafas. O gin, diz Maria, tanto pode ser servido de entrada, “como em tempos se servia o Martini”, ou a harmonizar uma refeição de verão: “Com peixe grelhado e saladas casa lindamente”.
Paralelamente, a marca desenvolve edições limitadas por encomenda, como a que produziu para o Casal Mistério e que está à venda na loja online por €30,47. “Foi um dos nossos grandes impulsionadores”. E relembra: “Quem quiser fazer uma prova na adega, será muito bem-vindo, mas só se reservar com antecedência.”