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Em Lisboa, três mulheres lideram projectos inspiradores. Constança Raposo Cordeiro aposta na criatividade, com cocktails com ingredientes inusitados. Rita Santos valoriza os pequenos produtores do país numa mercearia que também é bar de vinhos e petiscos. Já Marcella Ghirelli continua a reinventar-se com experiências gastronómicas itinerantes. Conheça-as de seguida.
Quando abriu a Toca da Raposa, em 2018, Constança Raposo Cordeiro perguntava-se se estaria a exagerar nos ingredientes das bebidas. O bar perto do Largo do Carmo tinha na carta cocktails como o Raposa, com natas, alho francês, sumo de gengibre e tequila, ou o Tágide, com azeite, água das azeitonas, gin, natas e espumante. Uma novidade na cidade, numa altura em que, na maioria dos bares, os cocktails não iam muito além dos clássicos.
A ousadia resultou. De tal maneira que, hoje, Constança Raposo Cordeiro gere três bares em Lisboa que continuam a arriscar nos ingredientes e uma equipa de onze pessoas. Além da Toca da Raposa, que continua de portas abertas, abriu o Uni, em 2022, na Rua do Século, e, no final de 2024, acrescentou o Croqui, em Alcântara, à lista.
Mais que um bar, o último espaço é um laboratório onde são desenvolvidos os cocktails à vista dos clientes e onde se produzem as bebidas que depois são levadas para os outros bares. “O Croqui nasceu da necessidade de termos um centro de produção”, explica a bartender, que, até então, preparava as bebidas na Toca da Raposa, um espaço que já se tornava “pequeno”. “Os bares estão a crescer e nós também temos vontade de desenvolver a parte criativa, de experimentar coisas novas.”
Se, das 09.00 às 17.00, a equipa está entretida entre destiladoras e rotovapores, a partir das 18.00, de terça a domingo, o laboratório abre portas ao público para mostrar essas criações. “Como somos o centro de produção, quisemos que a carta representasse essa multidisciplinaridade”, continua Constança.
O bar reúne os bestsellers dos outros bares e alguns “clássicos icónicos”, como lhes chama. “São bebidas arrojadas, mas ao mesmo tempo descomplicadas e fáceis.” Entre elas está, por exemplo, o Dua Lipa Fizz (10 euros), com gin, azeite, baunilha e sal, ou o PB & Pickle Martini (10 euros), com rum, vermute de pickle, pipoca e manteiga de amendoim.
Croqui. Rua Vieira da Silva, 16, Alcântara, Lisboa. De quinta a domingo, das 18.00 à 01.00
Antes de abrir a Comida Independente, em 2018, Rita Santos percorreu o país para conhecer pequenos produtores que dali a pouco tempo estariam nas prateleiras da sua loja em Santos, uma espécie de “deli/bar de vinhos”, descreve a própria.
O lema do espaço, “grandes produtos, pequenos produtores”, resume bem a filosofia da casa que se foi tornando um ponto de encontro em Lisboa para “amantes do vinho e curiosos” – e que até ganhou merchandising, com T-shirts e camisolas com o logotipo da loja.
O objectivo de Rita foi reunir iguarias de produtores que partilhassem uma visão comum e que “trabalhassem a terra com consciência”, explica. Queijos, charcutaria, cafés, chocolates, chás, e, sobretudo, vinhos de baixa intervenção, nacionais e alguns estrangeiros, que foram “ganhando protagonismo” na loja, para levar para casa ou para consumir no local.
Alguns deles ainda não tinham nome nem rótulo quando começaram a ser servidos na Comida Independente. “O conhecimento do território permite-nos apresentar o vinho de outra forma”, afirma Rita, que faz questão de ir visitar as vinhas e conhecer o processo de vinificação. “Isso ajuda-nos a compreender o vinho que estamos a beber e procuro partilhar isso com a minha equipa e que esse seja o espírito vivido na loja.”
Durante a pandemia, Rita começou a organizar o Mercado de Produtores, um projecto que começou aos sábados, no Largo de São Paulo, para que os produtores conseguissem escoar os seus produtos quando os restaurantes estavam fechados. Agora, o mercado acontece “ocasionalmente”, na rua em frente à loja, normalmente em momentos de celebração, como no aniversário do espaço.
Comida Independente. Rua Cais do Tojo, 28, Santos, Lisboa. Horário de Inverno: de quarta a sábado, 15.00-22.00, domingos, 12.00-19.00
Em São Paulo, Marcella Ghirelli só descobriu a cozinha mais tarde, aos 27 anos. “Sempre gostei muito, mas não era o meu foco”, conta a chef brasileira, a viver em Lisboa desde 2016. Quando foi despedida da produtora de cinema onde trabalhava, “numa altura de uma grande crise de pirataria de DVD’s no Brasil”, recorda, viajou até Florença e teve umas aulas de culinária. “Quando voltei, decidi que queria trabalhar com cozinha e fiz um estágio no restaurante de um amigo”, continua. “Fui pegando o gosto.”
Foi nessa altura que começou a interessar-se pelo fine dining e por “todo esse mundo meio rígido e cheio de regras”, conta. No seu currículo, estão, por exemplo, espaços como o premiado D.O.M, de Alex Atala, em São Paulo. “Até descobrir que aquilo já não fazia parte do meu ser. É muito bonito quando vemos de fora como clientes, mas quando estamos dentro, as coisas são diferentes.”
Já em Portugal, passou por vários restaurantes que não gosta de nomear, até perceber que, por uma “questão de saúde mental”, tinha de deixar essa vida. Trabalhou num “bar de vinhos”, a Comida Independente, onde começou a ter contacto com pequenos produtores e ganhou a “paixão pelos produtos”. A sandes que fazia, a de pastrami, ganhou uma legião de fãs e, ainda hoje, é uma das suas especialidades.
Há três anos, Marcella decidiu lançar-se a solo num projecto de gastronomia pop-up itinerante, o Cella. “Os espaços hoje em dia são muito caros para arrendar ou comprar e a ideia é partilhar”, explica.
Todos os meses, faz parcerias com bares e restaurantes, para criar um menu diferente, essencialmente com sanduíches e tapas, e uma harmonização com vinhos de baixa intervenção.
Cella. cella.pt