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Paisaje Porto Santo

Onde comer e o que comer quando se visita o Porto Santo

Pelas espetadas, ponchas e dentinhos de Porto Santo

07/02/2025

Texto: Catarina Moura

Fotografia: Tiago Pais

A ilha perfeita para descansar é também ideal para um roteiro pela gastronomia madeirense. Siga as nossas sugestões. 

Algumas pessoas em férias são acometidas, ainda que por um segundo, pela ideia de que deveriam estar a fazer alguma coisa. É uma ideia contraproducente ao conceito de não produzir. Para aqueles que padecem destas ideias intrusivas em dias seguidos de praia — e também para os outros completamente imunes a esse tipo de pensamentos — o Porto Santo é um bom destino. A praia é grande e a ilha é pequena: com uma volta de carro ou mota fica vista e passeada e acaba-se o fomo de monumentos, trilhos e miradouros. Sem pesos na consciência: comer e dormitar.

Playa de posto santo
Os sete quilómetros de areal são a melhor sala de espera para os restaurantes do Porto Santo

As surpreendentes formações geológicas do Pico de Ana Ferreira, o paraíso do Porto das Salemas (para onde custa tanto descer como subir), o deserto em miniatura da Fonte da Areia, os castiços moinhos de vento do lado oriental da ilha e o Miradouro do Furado Norte, com um belíssimo pôr-do-sol e vista para o Ilhéu do Ferro, são todos lugares que merecem uma visita. Visitar os monumentos que qualquer guia de Porto Santo aconselha não tomará mais do que um ou dois dias (já com margem para muito passo lento). No resto do tempo pode dedicar-se a fazer pouco ou nada.

Madeira desde el mirador
No Miradouro do Furado Norte, a visão do ilhéu do Ferro é majestosa. Nos dias limpos, adivinha-se a ilha da Madeira

De certo terá vontade de visitar um outro monumento tão famoso quanto os anteriores: as lambecas. No entanto, ao contrário das obras da natureza que se aguentam há milhares e milhões de anos, a Lambeca, o bastião dos gelados industriais, não chegou a abrir para o verão de 2024 por causa da morte de José Reis, aos 94 anos. Foi ele o responsável pelo nome lambecas para se referir aos gelados que vendia num quiosque da Vila Baleira, no centro da ilha. O nome ganhou honras de atração turística, apesar da parca escolha de sabores: dois de cada vez, a saírem da máquina de soft ice cream — à medida que iam acabando, estreavam-se outros.

Imagen doble lambeca
José Reis, falecido em 2024, fez das lambecas ícones turísticos. Hoje o seu quiosque está fechado

A fama do nome levou um outro estabelecimento, na marginal da vila, a anunciar ter lambecas e encetou-se uma acesa guerra comercial entre os dois proprietários pela posse da marca registada que, na imprensa regional, ambos afirmavam ter. Isto foi nos últimos anos de vida de José Reis que, com ou sem a marca registada, chegou a puxar a manivela da máquina de gelados 900 vezes por dia, no verão.

Teodorico

A partir daqui, falemos de monumentos vivos: o Teodorico é um deles. Os carros que se vão acumulando nas traseiras do restaurante, depois da subida da Serra de Fora, denunciam a fama da casa, mas do outro lado do Teodorico, a esplanada tem uma vista tranquila para a natureza, sem cheiro a tubo de escape. Foi por décadas um dos mais conhecidos restaurantes da ilha e devia o seu nome ao cozinheiro da mais famosa espetada da zona. Depois de alguns anos fechado, reabriu com outro restaurador da região ao leme e, na cozinha, uma artista: Walderes. A arte que decora o restaurante é dela — e está à venda — e o que cozinha não é menos digno de admiração: um portento de espetada no ponto e com carne de grande qualidade e uns milhos fritos delicados.

Imagen doble teodorico el mejor espeto
No Teodorico garante-se a melhor espetada da ilha e o melhor bolo do caco, da autoria de Teresa Melim

O bolo do caco neste restaurante é outra delícia. Faz justiça ao berço deste pão, que é mesmo aqui, esta pequena ilha. O segredo do pão do Teodorico e razão para que no Porto Santo se comam os mais legítimos bolos do caco é a padeira Teresa Melim. A partir da sua pequena panificação (fechada ao público), sozinha fornece alguns restaurantes da ilha com um pão grande, não muito alto, mas leve e fofo, bem fermentado. Depois deste todos os outros correm o risco de parecer um engodo.

Torres

Outro pão característico da ilha do Porto Santo é a escarpiada, um cruzamento entre a panqueca e a bolacha, fino, denso e crocante por fora. Era uma das comidas pobres da ilha, feita com farinha de milho, mais abundante do que o trigo, e cozidas em cima de uma chapa ao fogo ou uma pedra — o caco, tal como o do outro bolo. A escarpiada caiu em desuso, mas alguns restaurantes ainda a servem, sobretudo como entrada. É o caso do Torres, um restaurante com 50 anos na zona da Camacha, no lado Norte da ilha. Aqui a escarpiada acompanha uma salada fresca de atum e cavala, tiras de cenoura e pimento e é a melhor entrada para seguir pelos clássicos da casa.

imagen doble escarpiadas del restaurante torres
No familiar Torres, ainda se provam escarpiadas a acompanhar uma entrada

Foi com a sua receita de polvo que Maria Clara de Freitas abriu este restaurante em 1975. O frango assado era (e é) outra das especialidades, mas o polvo à Clarinha, cozinhado lentamente na lenha e servido com um molho de tomate bem temperado, ganhou nome até ao presente.

O Torres parece uma vivenda transformada em restaurante de família, com uma esplanada acolhedora no pátio decorado como uma casa de campo. No interior, os bolos em cloches de vidro e a simpatia da anfitriã prolongam a sensação de familiaridade e, de facto, o mais provável é estar a acontecer um qualquer festejo de uma data especial de uma família. Se este foi o dia de ver, pela primeira vez, a Fonte da Areia ou o Porto das Salemas, a escassos minutos de carro, também terá alguma coisa para celebrar.

Porto dos Frades

Outro restaurante de festas para os porto-santenses é o Porto dos Frades, perto das piscinas naturais com o mesmo nome e da Fenda da Dona Beja, dois pontos turísticos de acessibilidade questionável, sobretudo para forasteiros tenrinhos.

Pudding blanco y playa
Junto às poças do Porto dos Frades, prova-se um doce delicado e floral: o pudim de requeijão

Sem ousar por formações geológicas, nem pelos cocktails e sushi que se servem no Porto dos Frades em noites temáticas, fiquemo-nos por terreno confiável: as lapas grandes grelhadas, uma coral fresquíssima. Para terminar, o pudim de requeijão liso é servido com um mel bastante delicado e floral.

Snack-bar Golfinho

Na Madeira é obrigatório falar de dentinhos, petiscos, e neste capítulo há muito a dizer. Numa rua estreita saída do centro da Vila Baleira, com direção ao mar, está o snack bar Golfinho. Num pontão em cima da praia, num antigo armazém de pescadores, servem-se pratinhos de polvo, espada frito, gaiado seco, escabeche de atum, ou tudo isto dentro de um pão — cada um no seu, naturalmente, que esta é uma casa com respeito.

Tres platos típicos del restaurante
Sandes de polvo, espada frito e lapas: os três pratos de deviam ser menu de lanche no Golfinho

Estes petisquinhos mais as lapas grelhadas fazem o menu há mais de 20 anos, quando o Sr. Rodrigues, um adepto de futebol vindo de Machico, na ilha da Madeira, ficou com esta casa. Nas três mesas da esplanada ou ao balcão, com as fotografias antigas de clubes de futebol madeirenses por companhia, é prudente fazer-se aqui um dos primeiros lanches deste roteiro e não excluir a hipótese de repetir, se houver uma vaga na agenda.

O Girassol

Seguimos pela estrada regional que liga a Vila Baleira à Calheta, no extremo Sul da da ilha e, a meio caminho nesta marginal, fica O Girassol. O sítio já foi bem mais castiço, com direito a salão de jogos e posteres do Benfica orgulhosamente emoldurados, mas umas recentes obras reformularam o espaço e instalaram detalhes como um jardim vertical de plástico e prateleiras retro-iluminadas por leds verdes.

Cerveza y frituras el girasol
No Girassol, a diversidade de salgados caseiros serve-se com canecas de cerveja gelada

O moodboard desta remodelação não excluiu, no entanto, as canecas geladas em que se serve a cerveja, nem os famosos salgados do Girassol. Isto são ótimas notícias: as chamuças, não muito picantes, de frango ou camarão, mantém a sua massa estaladiça, e os rissois merecem uma degustação, do mais tradicional camarão ou rissol de carne, ao delicioso rissol de atum fresco.

Fava Rica e Mendonça’s

Vale a pena fazer um esforço para guardar uma vaga fome que possa até ser incrementada andando mais alguns metros — dez minutos a pé. Chega-se aos quiosques instalados numa das ruas que cortam para a praia. Ainda antes de descer para o areal, mas já com os pés na areia, estão o Fava Rica, um quiosque antigo que se mantém aprumado pelo Sr. Guido, uma lenda querida dos porto-santenses, e a rulote Mendonça’s.

Imagen doble molinos de viento y cervezas
Dos emblemas da região: os moinhos de vento e o gaiado seco — este, no Mendonça’s

Neste último servem-se também algumas refeições grelhadas e sandes, mas o forte do food court do parque de estacionamento da praia são os dentinhos: as saladas de fava seca, bem temperadas. Na rulote fazem-nas com linguiça e alho, no Fava Rica, com escabeche de cebola. O mar está tão próximo que não há razão para estender a toalha na praia. Apenas redobre os cuidados com a poncha do Fava Rica, tão rica como as favas.

O Banheiro e O Fontinha

Como é sabido a diferença entre o remédio e o veneno é a quantidade. Ter cuidado é uma coisa, evitar é outra: não diga que não a uma poncha. Ou duas. Ou mais, se estiver no Banheiro, onde além da poncha à pescador, feita com limão, e a regional, a que se acrescenta sumo de laranja, há outras feitas com as frutas do arquipélago — sempre frescas, batidas com uma varinha mágica por Carlos Ornelas, o antigo banheiro da praia do Porto Santo. É ele que está, ainda trajado a rigor numa foto de (quase) tamanho real, e também atrás do balcão, simpático e com histórias de praia para contar, enquanto passa na televisão mais um dvd de concerto de rock dos anos 1990.

bar local de pescadores
O Fontinha é um clássico da vida local, com as suas ponchas regional e à pescador

O Banheiro é conhecido pelas ponchas diversas: a goiaba é um clássico, há maracujá, há tangerina, ocasionalmente pitanga, amora ou até tutti-frutti. Numa ilha tropical onde estas frutas raramente vão à mesa, ao menos que apareçam no copo.

Para outra noite, talvez mais próxima dos hoteis da marginal, o bar Fontinha também é um ícone da vida local. Aqui o Sr. Agostinho faz apenas as versões tradicionais da poncha (e fortes). Para que não haja confusões, há vários papeis colados por todo o lado: “proibido levar para a rua copos de vidro”. As noites quentes convidam e o paredão do outro lado da estrada também. Pode montar-se um pequeno arraial popular junto à estrada até tarde — mas o que há para fazer amanhã?