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Com pele crocante e sabor inconfundível, o leitão assado é a grande estrela da Mealhada, motivo de romarias de várias partes do país. Neste roteiro, paramos em três casas incontornáveis: dos pioneiros que fizeram história e conquistam outros países, aos que reinventam a tradição de guardanapo de pano no colo e loiça elegante, ou de forma mais descontraída, com uma sandes de leitão e cerveja bem fresca na mão.
Sandes de leitão e cerveja do poço. Foi assim que começou o negócio de Álvaro Pedro, o “Pedro dos Leitões” da Mealhada, com uns mimos para os condutores da Estrada Nacional 1. “Como não havia frigoríficos, o poço era a única maneira de manter as cervejas geladas”, conta Filipe Castela, um dos herdeiros do restaurante, sobrinho-neto do fundador.
Depois de trabalhar no vagão-restaurante do comboio que fazia a ligação São Paulo-Buenos Aires, Álvaro Pedro decidiu abrir uma casa de leitões na Mealhada, “pegando num prato que, antigamente, era só de épocas festivas”, continua o sobrinho.
O primeiro espaço foi inaugurado em 1941, no sítio onde agora é o parque de estacionamento do restaurante. Sete anos mais tarde, mudavam-se para o outro lado da estrada, onde, hoje em dia, ainda funciona o restaurante. Entretanto, houve várias ampliações e remodelações, uma delas pouco antes do Euro 2004, antecipando enchentes.
A casa foi ganhando fama em Portugal e além-fronteiras. De tal maneira que se preparam para abrir um espaço em Miguel Pereira, no estado do Rio de Janeiro, “contactados directamente pelo presidente da câmara dessa cidade”, diz Filipe.
Hermínia Duarte, empregada da casa há mais de quarenta anos, diz que os clientes “já vão na terceira geração”: “Vinham cá com os filhos pequeninos, agora vêm com os netos”, conta. O leitão assado (52 euros/quilo) é o protagonista do restaurante. Mas também há outras escolhas como iscas de leitão, cabidela de leitão e açorda de leitão (a 18 euros cada).
Pedro dos Leitões. EN1, Rua Álvaro Pedro, 1, Mealhada. Segunda a domingo, 12.00-15.30, 19.30-22.00. T. 231 209 950
Desengane-se quem pensa que este é mais um barulhento restaurante de leitões da Mealhada, com mesas corridas e excursões. Apesar da popularidade e da capacidade para albergar uma equipa inteira de futebol (o Futebol Clube do Porto comemorou aqui o ano passado a conquista da Taça de Portugal), o Rei dos Leitões tem pretensões de fine dining e decoração a condizer, com um papel de parede que vai mudando de tempos a tempos — quando visitámos, a sala da lareira estava decorada com um colorido papel Versace, a combinar com as cabeças sicilianas de cerâmica nas mesas.
A carta de vinhos do Rei dos Leitões é extensa, com 4200 referências de várias regiões — não faltam, claro, os espumantes da Bairrada — e até existe uma carta de águas, com escolhas nacionais e estrangeiras. O leitão, a jóia da coroa, poderia também passar despercebido no meio de tantos pratos. António Paulo Rodrigues, o dono do restaurante, ao lado da mulher, Licínia Ferreira, quiseram reinventar o negócio familiar e, em 2010, fizeram uma “verdadeira revolução na casa”, conta o escanção, Carlos Marques.
O primeiro leitão do Rei dos Leitões foi assado num feriado, 15 de Maio de 1947, quando o espaço era uma “pequena taberna, onde só se vendia leitão e sandes de leitão ao balcão”, continua Carlos. Desde então, muita coisa mudou, sobretudo na última década, quando o restaurante se tornou também conhecido pelo marisco e pelo peixe fresco.
“Não mexemos no leitão”, garante o dono, Paulo Rodrigues. “Procuramos o melhor produtor, que nos dê mais garantias, independentemente do preço, porque isso aqui não importa.” A dose, a 25.50 euros, vem com batata frita e salada. Para sobremesa é obrigatório pedir o Morgado do Bussaco (8 euros), o doce da região.
Rei dos Leitões. EN1, Avenida da Restauração, 17, Mealhada. Quinta a segunda, 12.00-21.00. T. 968 123 084
António Ferreira da Rocha tentou fugir aos leitões. Depois de um primeiro restaurante na Mealhada, a sua terra natal, quando voltou de Angola, onde trabalhou na área de hotelaria, decidiu abrir uma coisa diferente. “Sem leitão”, conta Joaquim Luís, sócio-gerente da Churrasqueira Rocha, a funcionar desde 1979. “Na altura, chamaram-lhe louco.”
O espaço, afastado da Nacional 1 e dos principais restaurantes de leitão da Mealhada, apostava noutros pratos. Por exemplo, o frango de churrasco, uma novidade na zona, ou o bacalhau à Vilela, como se servia em Luanda. “Só que os clientes do antigo restaurante pediam-lhe leitão”, continua Luís. “Primeiro, começou por ser só ao domingo. Depois, por pressão, teve de ser todos os dias.”
Luís começou a trabalhar na cozinha do restaurante aos 13 anos. Hoje, com 46 anos, e depois da morte do fundador, é o responsável pelo espaço que tem um matadouro nas traseiras. “Matamos os animais no próprio dia e assim conseguimos ter um produto de excelência e diferenciador”, continua. “Para manter a qualidade, o leitão tem de ter determinada raça, morfologia e índice de gordura.”
O restaurante, com um néon de um leitão feliz à beira da Estrada Nacional 234, tem capacidade para mais de 300 pessoas e serve leitão do meio-dia às dez da noite. Pratos como o frango — “um frango pequeno, grelhado na hora, de 450 gramas” — ou o bacalhau à Vilela — na brasa, com batata a murro e legumes — continuam a fazer parte da carta. No entanto, é impossível contornar o leitão.
Nem que seja nas famosas sandes de leitão (7.5 euros), populares a qualquer hora do dia, na sala de entrada do restaurante, o “snack-bar”, como lhe chama Luís, ou para comer no caminho. O pão, de quatro bicos, tradicional da Mealhada, sai de meia em meia hora dos fornos a lenha. Para acompanhar, há molho e batatas fritas caseiras.
Churrasqueira Rocha. EN234, Travessa da Churrasqueira, Mealhada. Segunda a domingo, 12.00-22.00. T. 231 202 357